G1
A Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania abriu um procedimento administrativo para apurar o conteúdo de um áudio vazado nas redes sociais com ataques racistas atribuídos à modelo Ana Paula Minerato.
De acordo com a pasta, o processo foi aberto nesta segunda-feira (25) pela Ouvidoria da Coordenadoria de Políticas para a População Negra (CPPN), que “notificará as partes envolvidas, garantindo o direito de apresentação de defesa preliminar”.
Até a última atualização desta reportagem, o g1 não havia localizado a defesa da modelo. O espaço segue aberto para manifestações. Em uma rede social, a mãe da modelo saiu em defesa dela e disse que “a verdade vai aparecer”.Após o áudio vir à tona, a Gaviões da Fiel desligou Ana Paula de todas as atividades da escola de samba da torcida organizada. A rádio Band FM, onde a modelo apresentava um programa diário desde 2018, a demitiu.
No áudio, a modelo supostamente conversa com o namorado sobre a cantora negra Ananda, da banda Melanina Carioca, vítima dos ataques.
“Empregada do cabelo duro. Você gosta de cabelo duro? Não sabia que você gostava de mina com cabelo duro. Você gosta de mina com cabelo duro? Cabelo duro você gosta? Você gosta de mina de cabelo duro, de neguinha? Você gosta de neguinha? Porque isso aí é neguinha, né. Alguém ali o pai ou a mãe veio da África”, diz no áudio.
Como será o processo
O procedimento instaurado contra a modelo, de natureza administrativa, tem como fundamento a Lei Estadual 14.187/2010, sancionada pelo então governador Alberto Goldman (1937/2019) e que regulamenta os processos administrativos por discriminação racial em São Paulo.
Esse tipo de processo administrativo tramita na Secretaria da Justiça e Cidadania. A pena vai de advertência a multa. O valor da penalidade varia de R$ 17.680,00 a R$ 106.080,00.
De acordo com o órgão, além do procedimento instaurado nesta segunda-feira, a sua Coordenadoria de Políticas para a População Negra “está à disposição da vítima, oferecendo acolhimento e orientação necessárias”.
👉 Dados da Secretaria da Justiça e da Cidadania obtidos com exclusividade pela GloboNews apontam que, entre janeiro e outubro deste ano, o órgão recebeu 279 denúncias de discriminação étnico-racial. No mesmo período de 2023, este número foi até maior, quando houve 329 denúncias.